






Certas questões são muito inquietantes embora dependam de um longo processo para serem sentidas à flor da pele. Esta série aborda diretamente algumas delas. Até que nível de distorção um ser pode ainda reconhecer-se como sendo ele mesmo? Como permanece esse ser fiel à sua essência durante a vida se a cada verticalização de sentimentos, o corpo se tensiona, entorta-se, a alma se evapora lentamente no éter e se perde no breu da solidão? E se ele permanece qual o preço a pagar? Se fugir não é uma possibilidade e ele suporta mais uma quebra, e mais uma, e mais uma... até quando? Partindo da experimentação da obra do pintor Francis Bacon, a intenção é refletir sobre a condição do homem contemporâneo repleto de rupturas. As imagens apresentadas em dípticos e trípticos seguem a estética do artista referenciado já que estes formatos foram profundamente analisados por Deleuze que sugere que tais polípticos são recursos representativos de um acoplamento de sensações em diferentes níveis, o que vem de encontro com o eixo principal de reflexões trazidas por esta série de imagens.